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Êxodo 16-17: Deserto do Êxodo - Queixas, Maná e Milagres Divinos

Explore as queixas de Israel no deserto (Êxodo 16-17) e as respostas milagrosas de Deus: o maná, as codornizes e a água da rocha. Lições de fé.

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Revisado por Equipe Bíblia Web

19/05/2025

"Já Estamos Chegando?" Murmúrios no Deserto e a Paciência Divina (Êxodo 16-17)

A euforia da libertação ainda ressoava nos ouvidos dos israelitas. As águas do Mar Vermelho (ou Mar dos Juncos) tinham se fechado sobre o exército egípcio, e a liberdade, antes um sonho distante, era agora uma realidade palpável. No entanto, a vastidão árida do deserto rapidamente começou a testar os limites da gratidão e da fé do povo recém-liberto. A jornada de aproximadamente três meses rumo ao Monte Sinai, local do futuro encontro transformador com Deus, seria marcada por uma trilha de murmúrios e, em contrapartida, por demonstrações espetaculares da providência divina.

Longe de serem viajantes estoicos, os israelitas, como revela o texto bíblico e as passagens de Êxodo 16 e 17, rapidamente esqueciam os milagres passados quando confrontados com as dificuldades presentes. "Durante o caminho," como aponta o material de referência, "o povo, longe de mostrar gratidão por ter sido libertado da escravidão, resmunga a respeito de tudo, desde quando encontrará a próxima refeição até por que Moisés os tirou da escravidão para morrer no deserto." Era um ciclo doloroso: desconforto gerava reclamação, e Moisés, como líder, levava essas queixas a Deus, que pacientemente provia as necessidades de Seu povo rebelde.


"Que Comida é Esta?" O Pão que Caiu do Céu

A primeira grande crise alimentar surgiu no Deserto de Sim. As provisões trazidas do Egito começavam a escassear, e a fome apertou. As lembranças, convenientemente seletivas, voltavam-se para as "panelas de carne" e o "pão com fartura" que, segundo eles, desfrutavam como escravos no Egito (Êxodo 16:3) – uma clara romantização do sofrimento passado diante do desconforto presente. A queixa era direta: teriam sido trazidos ao deserto para morrer de fome?

"Quem nos dera tivéssemos perecido pela mão do SENHOR na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne e comíamos pão com fartura! Pois nos trouxestes a este deserto para matardes de fome a toda esta multidão."
Resumo da queixa em Êxodo 16:3

Em resposta, Deus não repreendeu com ira imediata, mas prometeu fazer chover pão do céu. E assim aconteceu. Pela manhã, após o orvalho ter se dissipado, uma "substância grudenta, parecida com pão" – fina, em flocos, como a geada sobre a terra – cobria o acampamento. Os israelitas, perplexos, perguntavam uns aos outros: "Man hu?"

Maná (מָן)
Quando os israelitas viram a substância pela primeira vez, perguntaram em hebraico: "Man hu?" que significa "O que é isto?". Por isso, o alimento ficou conhecido como Maná. Era descrito como semelhante à semente de coentro, branco, e seu sabor como bolos de mel (Êxodo 16:31). Tornou-se o sustento diário dos israelitas durante seus 40 anos no deserto.

Este alimento celestial tornou-se a base da dieta israelita durante os 40 anos de peregrinação no deserto. Havia regras para sua coleta: cada pessoa deveria recolher apenas o suficiente para o dia (um gômer por pessoa), e no sexto dia, uma porção dobrada para que o sábado, dia de descanso, fosse santificado sem a necessidade de trabalho. O Maná era um teste diário de obediência e confiança na provisão contínua de Deus.


O Desejo por Carne e a Chegada das Codornizes

Apesar do milagre diário do Maná, o paladar do povo logo se cansou da monotonia. Surgiu a saudade dos peixes, pepinos, melões, alhos porros, cebolas e alhos do Egito (Números 11:5) e, com ela, a reclamação por carne. "O povo reclama que não há carne suficiente", como descrito.

"Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça; e dos pepinos, e dos melões, e dos alhos porros, e das cebolas, e dos alhos. Mas agora a nossa alma se seca; coisa nenhuma há senão este maná diante dos nossos olhos."
Resumo da queixa em Números 11:5-6

Mais uma vez, Deus atendeu ao desejo do povo. Ao entardecer, um bando imenso de codornizes cobriu o acampamento israelita. As aves, exaustas de seu voo migratório, pousaram em tal quantidade que os israelitas puderam recolhê-las facilmente. Embora o texto de referência sugira que "fazem um espetinho todas as noites durante 40 anos", o relato bíblico principal em Êxodo 16 descreve esta provisão de codornizes como um evento específico em resposta àquela queixa, complementando o Maná. Outra grande provisão de codornizes ocorreria mais tarde, conforme Números 11, mas o Maná permaneceu como o sustento diário constante.


Sede no Deserto: Água da Rocha em Massá e Meribá

A jornada continuou, e em Refidim, outro desafio crucial surgiu: a falta de água. "O povo reclama que a água não dá para o gasto", e a situação tornou-se tensa a ponto de quase apedrejarem Moisés (Êxodo 17:4). A sede desesperadora levou-os novamente a questionar a presença e o cuidado de Deus.

Seguindo a instrução divina, Moisés, acompanhado por alguns anciãos de Israel, foi até uma rocha em Horebe. Ali, ele deveria ferir a rocha com seu cajado – o mesmo cajado usado para realizar tantos prodígios no Egito e no mar. Moisés obedeceu, e da rocha sólida brotou água fresca e abundante para todo o povo e seus rebanhos beberem.

Massá (מַסָּה) e Meribá (מְרִיבָה)
Moisés chamou aquele lugar de Massá (que significa "teste" ou "provação") porque ali os israelitas testaram o SENHOR, dizendo: "Está o SENHOR no meio de nós, ou não?" (Êxodo 17:7). E chamou de Meribá (que significa "contenda" ou "rixa") por causa da contenda dos filhos de Israel e porque tentaram ao SENHOR. Estes nomes serviram como um lembrete perpétuo da incredulidade do povo e da fidelidade de Deus.

Lições Entre Murmúrios e Milagres

O Deserto como Escola da Fé

Os episódios de Êxodo 16 e 17 são mais do que simples relatos de sobrevivência no deserto. Eles pintam um quadro vívido da natureza humana – a tendência a esquecer rapidamente as bênçãos passadas diante das dificuldades presentes, a inclinação para a murmuração e a ingratidão. Ao mesmo tempo, revelam a extraordinária paciência, misericórdia e fidelidade de Deus.

Apesar das constantes queixas e da falta de fé, Deus continuou a prover, a guiar e a ensinar Seu povo. O Maná, as codornizes e a água da rocha não eram apenas soluções para necessidades físicas; eram lições espirituais sobre dependência, confiança e a santidade do Senhor. Cada murmúrio era uma oportunidade perdida de glorificar a Deus pela Sua libertação, mas cada ato de provisão era uma reafirmação do Seu compromisso com a aliança que estava prestes a formalizar no Sinai. A jornada pelo deserto, com seus desafios e milagres, estava moldando um grupo de ex-escravos na nação escolhida de Deus.


Referências Bíblicas Principais
  • Êxodo Capítulo 16 (O Maná e as Codornizes)
  • Êxodo Capítulo 17 (Água da Rocha; Guerra contra Amaleque - não detalhada neste artigo)
  • Números Capítulo 11 (Novas queixas por carne e provisão de codornizes)
  • Salmo 78 e 105 (Relembram as provisões e a rebeldia no deserto)
  • 1 Coríntios 10:1-13 (Usa os eventos do deserto como exemplos e advertências)

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