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Gênesis 33-36: Jacó em Canaã: Fé, Dor e o Surgir de Nações

Explore o retorno de Jacó à Terra Prometida: da adoração em Siquém à trágica história de Diná, renovação em Betel e o legado de Esaú. Gênesis 33-36.

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Revisado por Equipe Bíblia Web

13/05/2025

Gênesis 33:18-20 – De Volta pra Casa: Um Novo Começo em Siquém

Imagine a cena: Jacó, após aquele encontro tenso, mas reconciliador, com seu irmão Esaú, finalmente pisa novamente na terra de Canaã. Ele chega são e salvo à cidade de Siquém. Ufa! Que alívio! Depois de tantos anos fora, ele está de volta.

E o que ele faz? Como um bom investidor imobiliário da época, ele compra um pedaço de terra dos filhos de Hamor, pai de Siquém, bem em frente à cidade. Ali, ele arma suas tendas. Mas Jacó não para por aí. Ele sabe a quem agradecer por sua jornada segura. Lembra daquele voto que ele fez a Deus em Betel anos atrás, quando fugia de Esaú? Ele prometeu que, se Deus o protegesse, o sustentasse e o trouxesse de volta em paz, então o Senhor seria o seu Deus (Gênesis 28:20-22).

Cumprimento da Promessa Divina a Jacó
  • Protegeu: Livrou Jacó das mãos de Labão e do medo da vingança de Esaú.
  • Sustentou: Jacó saiu de casa sem nada e voltou com uma família enorme e muita riqueza.
  • Retorno Pacífico: Trouxe Jacó de volta à sua terra natal em segurança.

Agora, Jacó cumpre a sua. Ele constrói um altar naquele terreno recém-comprado e o chama de El Elohe Israel. Que nome forte!

El Elohe Israel
Significa, literalmente, "Deus é o Deus de Israel". É Jacó reconhecendo publicamente: "Aquele Deus que me acompanhou, que lutou comigo e me deu o nome de Israel, Ele é o meu Deus, o Deus da minha vida e da minha família!". É um marco de fé e gratidão.
Referências Bíblicas
  • Gênesis 28:20-22 (O Voto de Jacó em Betel)
  • Gênesis 33:18-20 (Jacó em Siquém e o Altar)

Gênesis 34 – A Tragédia de Diná: Honra, Vingança e Dor

Mas a tranquilidade em Siquém dura pouco. Aqui, a Bíblia nos conta uma história profundamente perturbadora e complexa. Diná, a única filha de Jacó (com Lia), sai para conhecer as mulheres daquela terra. Nisso, Siquém, o príncipe da cidade (filho de Hamor, de quem Jacó comprou a terra), a vê, a toma e a violenta.

O que se segue é uma mistura de paixão (Siquém se apaixona por Diná e quer se casar com ela), negociação e uma vingança terrível. Hamor e Siquém vão falar com Jacó e seus filhos, propondo o casamento e uma aliança entre os povos. Siquém oferece o que for preciso para ter Diná como esposa.

Os filhos de Jacó, especialmente Simeão e Levi, irmãos de Diná por parte de mãe e pai, estão furiosos pela desonra feita à irmã. Fingindo aceitar a proposta, eles armam um plano cruel. Dizem que só podem dar suas mulheres em casamento e fazer alianças com povos circuncidados. Pedem que todos os homens de Siquém se circuncidem, e então eles poderiam viver juntos como um só povo.

Hamor e Siquém, pensando nos benefícios da união (as riquezas de Jacó eram consideráveis!), convencem os homens da cidade. Três dias depois, enquanto os homens de Siquém ainda se recuperavam da dolorosa cirurgia, Simeão e Levi pegam suas espadas, entram na cidade indefesa, matam Hamor, Siquém e todos os homens. Eles resgatam Diná da casa de Siquém e, junto com os outros irmãos, saqueiam a cidade inteira: rebanhos, bens e até mulheres e crianças.

Quando Jacó descobre, fica desesperado! Ele repreende Simeão e Levi, não tanto pela moralidade do ato, mas pelo perigo em que colocaram toda a família. "Vocês me trouxeram problemas!", diz ele. "Somos poucos. Se os povos vizinhos se unirem contra nós, seremos destruídos!"

"Ele deveria ter tratado nossa irmã como uma prostituta?"
Gênesis 34:31
A Complexidade Moral em Siquém
E a história termina assim, sem uma resolução clara, deixando um gosto amargo. É um relato que mostra a dor de Diná, a culpa de Siquém, a ganância dos siquemitas, a vingança desproporcional dos filhos de Jacó e a reação pragmática (e talvez omissa?) de Jacó. Uma lição dura sobre como a violência gera mais violência e como as linhas entre "mocinhos" e "bandidos" podem ser muito tênues.

ℹ️ Este capítulo é um dos mais sombrios de Gênesis, levantando questões difíceis sobre justiça, vingança e as consequências do pecado.


Gênesis 35 – Retorno a Betel, Promessas Renovadas e Perdas Dolorosas

Depois do desastre em Siquém, Deus intervém. Ele ordena a Jacó:

"Suba a Betel e estabeleça-se lá. Faça um altar ao Deus que lhe apareceu quando você fugia do seu irmão Esaú."
Gênesis 35:1

É hora de voltar ao lugar onde tudo começou, onde a promessa foi feita.

Jacó obedece. Antes de ir, ele purifica sua casa, mandando jogar fora todos os ídolos estrangeiros que trouxeram (provavelmente de Labão e talvez do saque de Siquém). Eles enterram tudo sob uma grande árvore perto de Siquém e partem. Deus coloca um "terror divino" sobre as cidades vizinhas, e ninguém persegue a família de Jacó.

Chegando a Betel (que antes se chamava Luz), Jacó constrói outro altar e chama o lugar de El-Betel.

El-Betel
Significa "Deus de Betel", lembrando do encontro divino de Jacó ali anos antes.

É nesse momento que Débora, a mulher que amamentou Rebeca (mãe de Jacó), morre e é enterrada ali.

Deus aparece novamente a Jacó em Betel, reafirma a mudança de seu nome para Israel e renova a aliança feita com Abraão e Isaque: a promessa de uma terra e de descendência numerosa, de onde sairiam nações e reis. Jacó ergue uma coluna de pedra no local, consagrando-a com óleo, como memorial.

Mas a jornada continua marcada por perdas. Quando estão a caminho de Efrata (Belém), Raquel, a esposa amada de Jacó, entra em trabalho de parto. É um parto difícil. Ela consegue dar à luz seu segundo filho, mas, em seus últimos suspiros, o chama de Benoni. Jacó, porém, o chama de Benjamim. Raquel morre e é sepultada ali mesmo, na estrada para Belém. Jacó ergue uma coluna sobre seu túmulo. Que tristeza profunda para Jacó perder sua amada esposa!

Benoni
Significa "filho da minha dor", nome dado por Raquel em seu leito de morte.
Benjamim
Significa "filho da mão direita" ou "filho da felicidade/sorte", nome dado por Jacó.
Os Doze Filhos de Jacó (Israel)
  • Com Lia: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulom (e Diná, a filha)
  • Com Raquel: José, Benjamim
  • Com Bila (serva de Raquel): Dã, Naftali
  • Com Zilpa (serva de Lia): Gade, Aser

Finalmente, Jacó chega a Hebrom, onde seu pai Isaque ainda vivia. Não muito tempo depois, Isaque morre, já velho e farto de dias, aos 180 anos. E, num momento de união familiar que ecoa a reconciliação anterior, seus filhos, Esaú e Jacó, juntos o sepultam no túmulo da família, onde Abraão e Sara também estavam. É o fim de uma era patriarcal.


Gênesis 36 – Os Descendentes de Esaú: A Nação de Edom

Este capítulo pode parecer um desvio, uma longa lista de nomes. Mas ele é super importante! Ele detalha a genealogia de Esaú, o irmão de Jacó, também chamado de Edom. Lembra que Deus prometeu a Abraão e Isaque que fariam deles grandes nações (no plural)? Aqui vemos o cumprimento dessa promessa também através de Esaú.

O capítulo lista as esposas cananeias de Esaú, seus filhos nascidos em Canaã, e como ele pegou sua família e seus bens e se mudou para a região montanhosa de Seir, separando-se de Jacó porque a terra não comportava os dois rebanhos imensos. Esaú se torna o pai dos Edomitas.

A lista continua com os filhos de Esaú, os netos, os chefes (clãs) que descenderam deles e que governaram a terra de Edom.

Reis de Edom
Gênesis 36:31 menciona os reis que reinaram em Edom antes que houvesse reis em Israel, mostrando que Edom se estabeleceu como nação organizada primeiro.
Relevância da Genealogia de Esaú
  • Mostra a fidelidade de Deus em cumprir Suas promessas a todos os descendentes de Abraão e Isaque.
  • Estabelece a origem do povo Edomita, que terá muitos encontros (nem sempre amigáveis) com Israel ao longo da história bíblica.
  • Marca a separação definitiva dos caminhos de Jacó (Israel) e Esaú (Edom), cada um dando origem a uma nação.
Referências Bíblicas
  • Gênesis 36 (Toda a genealogia de Esaú)

Concluindo a Jornada (Por Enquanto!)

Uau! Que trecho movimentado da história! Vimos Jacó se estabelecer na Terra Prometida, cumprir seus votos a Deus, mas também enfrentar a terrível violência contra sua filha Diná e a vingança brutal de seus filhos. Ele experimentou a alegria do reencontro com Deus em Betel e a dor profunda da perda de Raquel e, finalmente, de seu pai Isaque. Ao mesmo tempo, vimos a nação irmã, Edom, começando a se formar a partir de Esaú.

Uma Jornada de Fé e Falhas
Esses capítulos (Gênesis 33:18 a 36) são uma montanha-russa de emoções e eventos. Eles nos mostram um Deus fiel que guia e reafirma suas promessas, mesmo em meio a famílias complicadas, decisões erradas, tragédias e muita humanidade (com seus erros e acertos). A história agora se prepara para focar na próxima geração: os doze filhos de Jacó, especialmente José, cujas aventuras e provações dominarão o restante do livro de Gênesis. Fique ligado!


Referências Bíblicas Principais do Artigo
  • Gênesis 28:20-22 (O Voto de Jacó em Betel)
  • Gênesis 33:18-20 (Jacó chega a Siquém e constrói um altar)
  • Gênesis 34 (A história de Diná e a vingança em Siquém)
  • Gênesis 35 (Jacó em Betel, a morte de Raquel e Isaque)
  • Gênesis 36 (Os descendentes de Esaú/Edom)

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