Bate-Seba, filha de Eliã (ou Amiel, cf. 1 Crônicas 3:5) e provavelmente neta do conselheiro Aitofel, era a esposa de Urias, o hitita, um dos guerreiros leais do exército de Davi (2 Samuel 11:3; 23:34, 39). Sua história começa de forma trágica durante o cerco de Rabá dos amonitas.
Enquanto Urias estava na batalha, o Rei Davi, passeando no terraço de seu palácio em Jerusalém, viu Bate-Seba se banhando e foi cativado por sua beleza. Mandou trazê-la ao palácio e cometeu adultério com ela. Pouco depois, Bate-Seba enviou uma mensagem a Davi: "Estou grávida" (2 Samuel 11:1-5).
Desesperado para encobrir seu pecado, Davi primeiro chamou Urias de volta da guerra, esperando que ele dormisse com sua esposa e a gravidez parecesse legítima. No entanto, Urias, por lealdade a seus companheiros de batalha e à Arca da Aliança que estava no campo, recusou-se a ir para casa e dormir com Bate-Seba (2 Samuel 11:6-13). Vendo seu plano frustrado, Davi tomou uma atitude ainda mais sombria: escreveu uma carta ao comandante Joabe, enviada pelas mãos do próprio Urias, ordenando que Urias fosse colocado na linha de frente da batalha mais feroz e depois abandonado para ser morto pelos inimigos. Joabe cumpriu a ordem, e Urias morreu em combate (2 Samuel 11:14-25).
Após o período de luto de Bate-Seba, Davi a tomou por esposa, e ela deu à luz o filho concebido no adultério (2 Samuel 11:26-27). Contudo, "isto que Davi fizera foi mau aos olhos do SENHOR". Deus enviou o profeta Natã para confrontar Davi com uma parábola sobre um homem rico que roubou a única ovelhinha de um homem pobre. Quando Davi, irado, pronunciou juízo sobre o homem rico, Natã declarou: "Tu és o homem!". Natã anunciou o perdão de Deus pelo arrependimento de Davi, mas também as consequências: a espada não se apartaria da casa de Davi, e o filho nascido do adultério morreria (2 Samuel 12:1-14). De fato, a criança adoeceu gravemente e morreu, apesar das orações e jejum de Davi (2 Samuel 12:15-23).
Posteriormente, Davi consolou Bate-Seba, e ela concebeu novamente, dando à luz outro filho, a quem Davi chamou Salomão. O texto acrescenta que "o SENHOR o amou" e enviou Natã para dar-lhe o nome de Jedidias ("Amado pelo SENHOR") (2 Samuel 12:24-25). Salomão se tornaria o sucessor escolhido de Davi.
Anos mais tarde, quando Davi estava velho e próximo da morte, seu filho Adonias (de outra esposa, Hagite) tentou usurpar o trono. O profeta Natã, leal à promessa feita a Bate-Seba sobre Salomão, instruiu-a a ir ao rei Davi e lembrá-lo de seu juramento de que Salomão reinaria após ele. Bate-Seba agiu conforme instruída, abordando Davi e sendo seguida por Natã. Sua intervenção foi decisiva: Davi reafirmou sua promessa e ordenou a unção imediata de Salomão como rei, frustrando a tentativa de Adonias (1 Reis 1).
Após a morte de Davi e a ascensão de Salomão, Bate-Seba ocupou a posição de honra como *Gebirah* (Rainha Mãe), sentando-se à direita do rei. Adonias, buscando um último estratagema (ou por desejo genuíno), pediu a Bate-Seba que intercedesse junto a Salomão para que lhe permitisse casar com Abisague, a Sunamita (a última serva de Davi). Bate-Seba, talvez ingenuamente ou por compaixão, levou o pedido a Salomão. Salomão, no entanto, interpretou o pedido como uma reivindicação velada ao trono e, vendo Adonias ainda como uma ameaça, ordenou sua execução (1 Reis 2:13-25). Este é o último episódio em que Bate-Seba aparece na narrativa bíblica.
Sua história demonstra como o pecado pode ter consequências devastadoras, mas também como a graça de Deus pode operar através de situações complexas para cumprir Seus propósitos soberanos, estabelecendo a linhagem davídica através de Salomão, filho de Davi e Bate-Seba.