Daniel foi um jovem judeu, possivelmente da linhagem real ou nobreza de Judá, deportado para a Babilônia por Nabucodonosor na primeira leva de cativos, em 605 a.C. (Daniel 1:1-6). Junto com seus companheiros Hananias, Misael e Azarias, foi selecionado para ser educado na cultura e língua dos caldeus para servir na corte real. Recebeu o nome babilônico de Beltessazar. Desde cedo, Daniel demonstrou profunda fidelidade a Deus, propondo em seu coração não se contaminar com as finas iguarias e o vinho do rei, optando por uma dieta de legumes e água, pela qual Deus os fez parecer mais saudáveis e sábios que os outros jovens (Daniel 1:8-16).
Deus concedeu a Daniel e seus amigos conhecimento e inteligência, e a Daniel, especificamente, a habilidade de interpretar sonhos e visões (Daniel 1:17). Essa capacidade o elevou a uma posição de destaque quando interpretou o sonho de Nabucodonosor sobre a grande estátua que representava a sucessão de quatro impérios mundiais (Babilônico, Medo-Persa, Grego, Romano) e o estabelecimento final do Reino de Deus (Daniel 2). Como resultado, foi nomeado governador da província da Babilônia e chefe dos sábios.
Embora não esteja presente na narrativa da fornalha ardente (Daniel 3), seus três amigos (renomeados Sadraque, Mesaque e Abede-Nego) foram milagrosamente salvos por sua fidelidade a Deus. Daniel posteriormente interpretou outro sonho de Nabucodonosor sobre uma grande árvore cortada, anunciando um período de humilhação para o rei devido ao seu orgulho (Daniel 4). Anos mais tarde, na noite da queda da Babilônia para os Medos e Persas (539 a.C.), Daniel foi chamado para interpretar a misteriosa escrita na parede para o rei Belsazar, anunciando o fim de seu reino (Daniel 5).
Sob o domínio Medo-Persa, Daniel continuou a servir em alta posição. Sob "Dario, o Medo" (cuja identidade histórica é debatida), foi nomeado um dos três presidentes sobre os sátrapas. Sua integridade e competência, contudo, provocaram a inveja de outros oficiais, que tramaram sua queda. Sabendo de sua devoção a Deus, persuadiram o rei a assinar um decreto proibindo qualquer petição a deus ou homem, exceto ao rei, por 30 dias. Daniel, sem se intimidar, continuou orando a Deus três vezes ao dia em seu quarto, com as janelas abertas para Jerusalém. Foi então acusado e, com relutância do rei, lançado na cova dos leões. Deus enviou seu anjo para fechar a boca dos leões, e Daniel foi retirado ileso na manhã seguinte, levando Dario a reconhecer o poder do Deus de Daniel (Daniel 6).
Além de sua atuação na corte, Daniel recebeu uma série de visões proféticas apocalípticas que ocupam a segunda metade do livro. Estas incluem a visão das quatro bestas (paralela ao sonho da estátua, Daniel 7), a visão do carneiro e do bode (representando os impérios Medo-Persa e Grego, e a ascensão de Antíoco Epifânio, Daniel 8), a profecia das Setenta Semanas (que estabelece uma cronologia até a vinda do Messias e eventos cruciais, Daniel 9), e uma visão final detalhada sobre conflitos futuros entre poderes mundiais (reis do Norte e do Sul), perseguição ao povo de Deus, e eventos do fim dos tempos, incluindo a ressurreição (Daniel 10-12). Ao longo de tudo, Daniel é retratado como um homem de profunda oração, confissão, integridade e sabedoria, fiel a Deus em meio a um ambiente pagão e politicamente instável.