Débora foi uma figura de liderança singular em Israel durante o conturbado período dos Juízes. O texto de Juízes 4 a identifica como "profetisa, mulher de Lapidote" e afirma que ela "julgava a Israel naquele tempo" (Juízes 4:4). Os israelitas subiam até ela, que se assentava debaixo da "Palmeira de Débora", entre Ramá e Betel, na região montanhosa de Efraim, para buscar juízo e orientação.
Naquele período, Israel estava sofrendo severa opressão por vinte anos sob Jabim, rei cananeu de Hazor, cujo comandante militar, Sísera, possuía 900 carros de ferro e dominava a partir de Harosete-Hagoim (Juízes 4:1-3). Foi Débora quem recebeu a palavra de Deus para iniciar a libertação. Ela convocou Baraque, filho de Abinoão, de Quedes em Naftali, e lhe transmitiu a ordem divina: reunir 10.000 homens das tribos de Naftali e Zebulom no Monte Tabor, pois Deus atrairia Sísera e seu exército ao ribeiro de Quisom e os entregaria nas mãos de Israel (Juízes 4:6-7).
Baraque hesitou, condicionando sua ida à presença de Débora: "Se fores comigo, irei; porém, se não fores comigo, não irei" (Juízes 4:8). Débora concordou em acompanhá-lo, mas profetizou que, por causa dessa falta de fé total, a honra de matar Sísera não seria dele, mas de uma mulher (Juízes 4:9).
Com Débora presente, Baraque reuniu as tropas no Monte Tabor. Quando Sísera mobilizou seus carros e exército no vale do Quisom, Débora deu a ordem para atacar: "Dispõe-te, porque este é o dia em que o SENHOR entregou a Sísera nas tuas mãos; porventura, o SENHOR não saiu adiante de ti?" (Juízes 4:14). Deus interveio de forma decisiva, "transtornando" o exército de Sísera diante de Baraque. O Cântico de Débora (Juízes 5) sugere uma tempestade que fez o ribeiro Quisom transbordar, inutilizando os carros de ferro cananeus e varrendo os inimigos (Juízes 4:15; 5:4, 21).
Sísera fugiu a pé e buscou refúgio na tenda de Jael, esposa de Héber, o queneu. Havia paz entre os queneus e o rei Jabim. Jael o acolheu, mas enquanto ele dormia exausto, ela o matou cravando uma estaca da tenda em sua têmpora (Juízes 4:17-21). Assim se cumpriu a profecia de Débora.
Após a vitória, Débora e Baraque entoaram um magnífico cântico (Juízes 5), celebrando a soberania e o poder de Deus, a coragem das tribos que lutaram (Zebulom e Naftali em destaque), a intervenção da natureza, a ação corajosa de Jael, e repreendendo as tribos que se omitiram. O cântico é uma das mais antigas e vibrantes peças poéticas da Bíblia Hebraica.
Como resultado dessa liderança profética e da vitória militar, "a terra ficou em paz quarenta anos" (Juízes 5:31). Débora permanece como um poderoso exemplo de liderança feminina divinamente inspirada, combinando os papéis de profetisa, juíza e estrategista espiritual.