Jonas, filho de Amitai, natural de Gate-Hefer (na Galileia, território de Zebulom), foi um profeta em Israel durante o reinado de Jeroboão II (século VIII a.C.), conforme mencionado em 2 Reis 14:25, onde ele profetizou sobre a restauração das fronteiras de Israel.
O Livro de Jonas narra uma missão específica e dramática. Deus ordenou a Jonas que fosse à grande cidade de Nínive, capital do Império Assírio (inimigos de Israel), e pregasse contra ela por causa de sua maldade (Jonas 1:1-2). Contrariando a ordem divina, Jonas decidiu fugir da presença do Senhor, indo na direção oposta, para Társis (provavelmente no extremo oeste do Mediterrâneo). Ele desceu ao porto de Jope, encontrou um navio que ia para Társis, pagou a passagem e embarcou (Jonas 1:3).
No mar, Deus enviou uma violenta tempestade que ameaçava destruir o navio. Os marinheiros pagãos, apavorados, clamaram a seus deuses e lançaram a carga ao mar. Encontraram Jonas dormindo no porão, o acordaram e o exortaram a clamar a seu Deus. Lançaram sortes para descobrir quem era o culpado pela calamidade, e a sorte caiu sobre Jonas. Questionado, ele confessou ser hebreu, temente a YHWH, o Deus criador, e que estava fugindo de Sua presença. Reconhecendo sua culpa, instruiu os marinheiros a lançá-lo ao mar para que a tempestade se acalmasse (Jonas 1:4-12).
Após relutarem, os marinheiros o lançaram ao mar, que imediatamente se aquietou. Eles foram tomados de grande temor a YHWH, ofereceram sacrifícios e fizeram votos. Deus, porém, preparou um grande peixe para engolir Jonas, e ele permaneceu no ventre do peixe por três dias e três noites (Jonas 1:13-17). De dentro do peixe, Jonas orou ao Senhor, reconhecendo sua aflição, a soberania de Deus e agradecendo pela salvação da morte iminente (Jonas 2). Atendendo à sua oração, Deus ordenou ao peixe, e este vomitou Jonas em terra seca (Jonas 2:10).
A palavra do Senhor veio a Jonas pela segunda vez, ordenando-lhe que fosse a Nínive e proclamasse a mensagem que Deus lhe daria (Jonas 3:1-2). Desta vez, Jonas obedeceu. Entrou na vasta cidade e pregou uma mensagem curta e direta: "Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida!" (Jonas 3:3-4).
Surpreendentemente, houve uma resposta massiva e imediata. O povo de Nínive creu em Deus, proclamou um jejum e vestiu-se de saco, desde o maior até o menor. O próprio rei de Nínive se humilhou, levantando-se do trono, cobrindo-se de saco e cinzas, e decretando que todos (incluindo os animais) jejuassem, clamassem a Deus e se convertessem de seus maus caminhos, na esperança de que Deus se arrependesse do juízo anunciado (Jonas 3:5-9). Vendo o arrependimento sincero deles, Deus "se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez" (Jonas 3:10).
Este ato de misericórdia divina para com os inimigos de Israel desagradou profundamente a Jonas, que ficou irado. Ele reclamou com Deus, dizendo que já sabia que Deus era misericordioso e compassivo, e que por isso havia fugido para Társis, pois preferia morrer a ver Nínive ser poupada (Jonas 4:1-3). Jonas saiu da cidade e construiu uma cabana, esperando para ver o que aconteceria.
Deus, então, ensinou a Jonas uma lição objetiva sobre compaixão. Fez crescer rapidamente uma planta que deu sombra a Jonas, aliviando seu desconforto, o que o alegrou muito. No dia seguinte, porém, Deus fez a planta secar, e Jonas, afligido pelo sol e pelo vento, novamente desejou morrer, irritado pela perda da planta. Deus então o repreendeu: "Tens compaixão da planta, pela qual não trabalhaste [...] e não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil pessoas que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda, e também muitos animais?" (Jonas 4:5-11). O livro termina abruptamente com esta pergunta, desafiando o nacionalismo estreito de Jonas e exaltando a misericórdia universal de Deus.