Jônatas era o filho mais velho do Rei Saul e Ainoã, e o príncipe herdeiro do trono de Israel. Desde cedo, demonstrou ser um líder militar corajoso e capaz, obtendo vitórias significativas contra os filisteus, como o ataque à guarnição em Geba (1 Samuel 13:3) e, mais notavelmente, a incursão ousada e baseada na fé contra o posto avançado filisteu em Micmás, acompanhado apenas por seu escudeiro. Este ato de bravura individual, confiando que "para o SENHOR nenhum impedimento há de livrar com muitos ou com poucos" (1 Samuel 14:6), desencadeou pânico entre os filisteus e levou a uma grande vitória israelita (1 Samuel 14).
Sua fama maior, no entanto, deriva de sua extraordinária amizade com Davi. Após Davi derrotar Golias, "a alma de Jônatas se ligou com a alma de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma" (1 Samuel 18:1). Jônatas fez uma aliança formal com Davi e, num gesto de profundo significado, despiu-se de seu manto real, sua armadura, espada, arco e cinto, e os deu a Davi (1 Samuel 18:3-4), simbolicamente reconhecendo a aptidão (e talvez o direito futuro) de Davi para a realeza.
À medida que o ciúme e o ódio de Saul por Davi cresciam, Jônatas se tornou o protetor e defensor de Davi dentro da corte. Ele intercedeu junto a Saul, conseguindo uma reconciliação temporária (1 Samuel 19:1-7). Quando a vida de Davi estava novamente em perigo, Jônatas arriscou a ira de seu pai para descobrir as verdadeiras intenções de Saul e alertar Davi. Eles renovaram sua aliança com juramentos solenes, e Jônatas usou um sinal combinado com flechas para comunicar a Davi que ele precisava fugir para salvar sua vida. A despedida dos dois amigos foi marcada por grande emoção e tristeza (1 Samuel 20).
Mesmo com Davi como fugitivo, Jônatas permaneceu fiel à sua amizade. Em seu último encontro registrado, Jônatas procurou Davi no deserto de Zife, não para traí-lo, mas para "lhe fortalecer a confiança em Deus". Ele reafirmou sua crença no futuro de Davi: "Não temas, porque a mão de Saul, meu pai, não te achará; porém tu reinarás sobre Israel, e eu serei contigo o segundo; o que também Saul, meu pai, bem sabe" (1 Samuel 23:16-18).
Jônatas enfrentou um conflito de lealdades: amava e honrava seu amigo Davi, o escolhido de Deus, mas também permaneceu um filho leal a seu pai, o rei Saul, apesar das falhas deste. Ele não se juntou a Davi no exílio, mas continuou servindo no exército de Saul.
Tragicamente, Jônatas morreu junto com seu pai Saul e seus irmãos Abinadabe e Malquisua na desastrosa batalha contra os filisteus no Monte Gilboa (1 Samuel 31:1-6). Sua morte foi profundamente lamentada por Davi em seu famoso Cântico do Arco (2 Samuel 1), onde Davi exalta a bravura de Saul e Jônatas e expressa sua dor pessoal: "Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; mui amabilíssimo me eras! Mais maravilhoso me era o teu amor do que o amor das mulheres!" (2 Samuel 1:26).
Jônatas deixou um filho, Mefibosete, que ficou aleijado na infância. Anos mais tarde, o Rei Davi, lembrando-se de sua aliança com Jônatas, procurou Mefibosete e lhe mostrou grande bondade (*hesed*), restaurando suas terras e dando-lhe um lugar permanente à mesa real, cumprindo assim seu juramento ao amigo falecido (2 Samuel 9). Jônatas permanece como um dos maiores exemplos bíblicos de amizade verdadeira, lealdade pactual e altruísmo.