Lia era a filha mais velha de Labão, o arameu de Padã-Arã (Harã), e irmã de Raquel. Gênesis 29:17 a descreve como tendo olhos "fracos" ou "tenros" (hebraico: *rak*), um contraste com a beleza explícita de sua irmã mais nova, Raquel, por quem Jacó (sobrinho de Labão) se apaixonou.
Após Jacó trabalhar sete anos para Labão em troca da mão de Raquel, Labão enganou Jacó na noite de núpcias, substituindo Raquel por Lia. Na manhã seguinte, Jacó descobriu o engano e confrontou Labão, que justificou seu ato com o costume local de não dar a filha mais nova em casamento antes da primogênita. Labão então ofereceu Raquel a Jacó em troca de mais sete anos de trabalho, acordo que Jacó aceitou (Gênesis 29:15-30). Assim, Lia se tornou a primeira, embora menos amada, esposa de Jacó.
O texto bíblico nota que "vendo o SENHOR que Lia era aborrecida [desprezada/menos amada], abriu-lhe a madre; porém Raquel era estéril" (Gênesis 29:31). A história de Lia é marcada por sua busca pelo afeto do marido e sua fé em Deus, expressa nos nomes que deu a seus filhos. Ela deu à luz os seis primeiros filhos homens de Jacó e sua única filha registrada:
- Rúben ("Vede um filho" ou "Ele viu minha aflição"): "Porque o SENHOR atentou para a minha aflição; por isso, agora me amará meu marido."
- Simeão ("Ouvido"): "Porquanto o SENHOR ouviu que eu era aborrecida, me deu também este."
- Levi ("Unido" ou "Ligado"): "Agora, esta vez se unirá mais a mim meu marido, porque lhe dei três filhos."
- Judá ("Louvor"): "Esta vez louvarei o SENHOR."
Posteriormente, em meio à rivalidade com Raquel (que havia dado sua serva Bilá a Jacó), Lia deu sua própria serva, Zilpa, a Jacó, que gerou Gade ("Fortuna" ou "Tropa") e Aser ("Feliz" ou "Bem-aventurado") (Gênesis 30:9-13). Mais tarde, Lia "comprou" uma noite com Jacó de Raquel em troca de mandrágoras que seu filho Rúben havia encontrado, concebendo mais dois filhos:
- Issacar ("Salário" ou "Recompensa"): "Deus me recompensou...".
- Zebulom ("Habitação" ou "Honra"): "Deus me deu excelente dote; agora permanecerá comigo meu marido...".
- Diná (Filha) (Gênesis 30:14-21).
Lia acompanhou Jacó em sua fuga de Labão e no retorno a Canaã (Gênesis 31). Ela e seus filhos foram apresentados a Esaú durante o encontro de reconciliação (Gênesis 33). Embora os detalhes de sua vida posterior em Canaã sejam escassos (ela é implicitamente afetada pela tragédia de sua filha Diná em Gênesis 34), sabemos que ela morreu antes de Jacó ir para o Egito. Em suas instruções finais sobre seu próprio sepultamento, Jacó ordena ser enterrado na Caverna de Macpela em Hebrom, mencionando especificamente: "ali sepultei Lia" (Gênesis 49:31), indicando que ela recebeu a honra de ser sepultada na tumba ancestral dos patriarcas e matriarcas, ao contrário de Raquel. Sua memória, junto com a de Raquel, é honrada em Rute 4:11 como as duas que "edificaram a casa de Israel".