Ló era filho de Harã, irmão de Abraão (Gênesis 11:27). Após a morte de seu pai em Ur dos Caldeus, Ló acompanhou seu avô Terá, seu tio Abraão (então Abrão) e sua tia Sara (Sarai) na migração para Harã, e depois de Harã para a terra de Canaã (Gênesis 11:31; 12:4-5).
Em Canaã, tanto Abraão quanto Ló prosperaram grandemente, acumulando rebanhos e servos. Seus bens se tornaram tão numerosos que a terra não podia sustentá-los juntos, e surgiram conflitos entre seus pastores. Abraão, generosamente, propôs a separação e deu a Ló a primeira escolha da terra. Ló olhou e escolheu para si toda a fértil campina do Jordão, na direção leste, descrita como bem regada "como o jardim do SENHOR", e armou suas tendas até Sodoma (Gênesis 13:1-13). Esta escolha, baseada na aparência e prosperidade material, o colocou perigosamente perto da notória maldade de Sodoma e Gomorra.
Posteriormente, durante uma guerra entre uma coalizão de quatro reis mesopotâmicos (liderados por Quedorlaomer) e cinco reis cananeus da planície (incluindo os reis de Sodoma e Gomorra), Sodoma foi saqueada, e Ló, que habitava na cidade, foi levado cativo junto com seus bens. Um fugitivo contou a Abraão, que prontamente reuniu 318 de seus servos treinados, perseguiu os reis vitoriosos, os derrotou e resgatou Ló, sua família e todos os seus bens (Gênesis 14:1-16).
A história mais dramática de Ló ocorre em Gênesis 19. Dois anjos, enviados por Deus para verificar a maldade de Sodoma antes de destruí-la (após a intercessão de Abraão em Gênesis 18), chegaram à cidade ao anoitecer. Ló estava sentado à porta da cidade (possivelmente indicando um status de ancião ou líder cívico) e, reconhecendo-os como viajantes necessitados (ou talvez discernindo sua natureza especial), insistiu em oferecer-lhes hospitalidade em sua casa, protegendo-os da corrupção das ruas.
Naquela noite, todos os homens da cidade, jovens e velhos, cercaram a casa de Ló, exigindo que ele entregasse seus hóspedes para que pudessem abusar deles sexualmente. Ló saiu e tentou dissuadi-los, apelando para que não cometessem tal maldade. Numa tentativa desesperada e eticamente condenável de proteger seus hóspedes (cujo dever de hospitalidade era sagrado), ele chegou a oferecer suas duas filhas virgens à multidão enfurecida. Eles rejeitaram a oferta e ameaçaram Ló. Os anjos então puxaram Ló para dentro de casa, fecharam a porta e feriram os homens do lado de fora com cegueira.
Os anjos revelaram a Ló a iminente destruição da cidade e o instruíram a reunir sua família (incluindo futuros genros) e fugir imediatamente. Seus futuros genros, porém, zombaram do aviso. Ao amanhecer, como Ló hesitava, os anjos o agarraram, junto com sua esposa e duas filhas, e os levaram à força para fora da cidade, instruindo-os a fugir para as montanhas sem olhar para trás. Ló pediu permissão para fugir para uma pequena cidade próxima (Zoar), que foi poupada por sua causa. Enquanto fugiam, Deus fez chover enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra, destruindo completamente as cidades da planície. A esposa de Ló, desobedecendo à ordem, olhou para trás e se tornou uma estátua de sal (Gênesis 19:1-26).
Temendo permanecer em Zoar, Ló subiu para as montanhas e habitou em uma caverna com suas duas filhas. Suas filhas, acreditando que não havia outros homens para lhes dar descendência e preservar a linhagem do pai, arquitetaram um plano incestuoso. Em noites sucessivas, embriagaram Ló e se deitaram com ele sem que ele percebesse claramente. Ambas conceberam. A mais velha deu à luz Moabe, ancestral dos moabitas, e a mais nova deu à luz Ben-Ami, ancestral dos amonitas (Gênesis 19:30-38).
Apesar de suas falhas de julgamento e do final trágico e moralmente comprometido de sua história familiar, o Novo Testamento lembra Ló como um homem "justo", que era atormentado em sua alma pela impiedade que o cercava em Sodoma, e que foi liberto por Deus do meio do juízo (2 Pedro 2:7-9).