Malaquias, cujo nome significa "Meu Mensageiro", foi um profeta que ministrou à comunidade judaica em Judá durante o período persa, após o retorno do Exílio Babilônico e a reconstrução do Segundo Templo (concluído em 516 a.C.). Seu livro é geralmente datado de meados do século V a.C., possivelmente pouco antes ou durante as reformas de Neemias e Esdras, pois aborda problemas sociais e religiosos semelhantes aos que eles enfrentaram.
O livro é estruturado em torno de seis disputas ou debates entre Deus e o povo (incluindo os sacerdotes). Em cada seção, Deus faz uma afirmação, o povo responde com uma pergunta cínica ou questionadora, e Deus então elabora Sua acusação e chamado ao arrependimento:
- O Amor de Deus Questionado (1:2-5): Deus afirma Seu amor por Jacó (Israel), mas o povo pergunta como Ele demonstrou isso. Deus contrasta Seu favor por Israel com Seu juízo sobre Edom (descendentes de Esaú).
- O Culto Desonrado (1:6–2:9): Deus acusa os sacerdotes de desprezarem Seu nome ao aceitarem e oferecerem animais defeituosos (cegos, coxos, doentes) em sacrifício, profanando o altar. Ele adverte sobre maldição em vez de bênção se não se arrependerem.
- A Infidelidade Social (2:10-16): Deus condena a infidelidade dos homens judeus que estavam se divorciando de suas esposas da mocidade (israelitas) para se casarem com mulheres estrangeiras (idólatras), quebrando a aliança matrimonial e profanando a herança santa.
- A Justiça de Deus Questionada (2:17–3:5): O povo cansa a Deus com suas palavras, perguntando cinicamente "Onde está o Deus do juízo?". Deus responde que enviará Seu "Mensageiro" (Anjo da Aliança) para preparar o caminho, e então o próprio Senhor virá repentinamente ao Seu Templo para purificar os sacerdotes e julgar os malfeitores (feiticeiros, adúlteros, perjuros, opressores).
- O Roubo a Deus (3:6-12): Deus acusa o povo de roubá-Lo nos dízimos e nas ofertas. Ele os desafia a retornarem a Ele nessas áreas, prometendo abrir as janelas do céu e derramar bênçãos abundantes se obedecerem.
- As Palavras Arrogantes (3:13-18): O povo reclama que é inútil servir a Deus, pois os ímpios parecem prosperar. Deus responde que há um "memorial" sendo escrito para aqueles que O temem e meditam em Seu nome, e que no Dia do Juízo, a distinção entre o justo e o ímpio será clara.
O livro conclui (capítulo 4 na contagem cristã) com a promessa da vinda do "Dia do SENHOR", que será como fogo consumidor para os arrogantes e ímpios, mas como o nascer do "sol da justiça" com cura para os que temem a Deus. Finalmente, Malaquias transmite a exortação para que se lembrem da Lei de Moisés e a promessa crucial do envio do profeta Elias "antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR", para restaurar os relacionamentos familiares e evitar a maldição total sobre a terra.
Pouco ou nada se sabe sobre a pessoa de Malaquias além de seu livro. Alguns até sugeriram que "Malaquias" não fosse um nome próprio, mas um título ("Meu Mensageiro") para um profeta anônimo. Contudo, ele é tradicionalmente considerado o último dos profetas escritores do Antigo Testamento, cuja mensagem encerra o cânon profético com uma advertência solene e uma promessa de esperança futura, apontando para a necessidade da intervenção divina que se cumpriria no Novo Testamento.