Mefibosete era filho de Jônatas e neto do Rei Saul, o primeiro rei de Israel. Sua vida foi marcada por uma tragédia precoce: aos cinco anos de idade, ao receber a notícia da morte de Saul e Jônatas na batalha de Gilboa, sua ama, na pressa de fugir, o deixou cair, e ele ficou permanentemente aleijado de ambos os pés (2 Samuel 4:4).
Devido à sua condição e por ser descendente da casa de Saul (potencial rival dinástico), Mefibosete viveu por muitos anos em relativa obscuridade e possivelmente com medo, na cidade de Lo-Debar, a leste do Jordão, sob os cuidados de Maquir, filho de Amiel (2 Samuel 9:4-5).
Anos mais tarde, após consolidar seu reino, o Rei Davi lembrou-se da profunda amizade e aliança que havia feito com Jônatas e perguntou se ainda existia algum descendente da casa de Saul a quem pudesse mostrar "a bondade de Deus" (Hebraico: *hesed*, amor leal pactual) por amor a Jônatas (2 Samuel 9:1-3). Ziba, um antigo servo da casa de Saul, informou Davi sobre Mefibosete.
Davi mandou buscar Mefibosete em Lo-Debar. Ao chegar à presença do rei, Mefibosete prostrou-se, temeroso. Davi o tranquilizou e lhe disse que restauraria todas as terras que pertenciam a seu avô Saul e que ele, Mefibosete, comeria pão sempre à mesa do rei, como um dos filhos do rei. Davi também designou Ziba e seus filhos e servos para cultivarem as terras para Mefibosete e trazerem os frutos, enquanto Mefibosete viveria em Jerusalém na corte (2 Samuel 9:6-13). Este ato de Davi foi uma demonstração extraordinária de fidelidade à sua aliança com Jônatas.
No entanto, durante a rebelião de Absalão, quando Davi fugia de Jerusalém, a história de Mefibosete toma um rumo doloroso. Ziba foi ao encontro de Davi com jumentos carregados de provisões. Questionado por Davi sobre Mefibosete, Ziba o acusou falsamente, dizendo que Mefibosete havia ficado em Jerusalém na esperança de que o reino de seu avô Saul lhe fosse restaurado. Davi, talvez apressadamente e sob pressão, acreditou na calúnia e decretou que tudo o que pertencia a Mefibosete passaria a ser de Ziba (2 Samuel 16:1-4).
Após a derrota de Absalão e o retorno de Davi a Jerusalém, Mefibosete foi ao encontro do rei. Sua aparência estava descuidada (pés não lavados, barba não feita, roupas não lavadas) desde o dia em que o rei partira, indicando seu luto e lealdade. Ele explicou a Davi que seu servo Ziba o havia enganado e caluniado, impedindo-o (por ser aleijado) de acompanhar o rei na fuga. Davi pareceu aceitar parcialmente sua explicação, mas em vez de reverter completamente a decisão anterior, decretou que Mefibosete e Ziba dividissem as terras. Mefibosete respondeu com notável magnanimidade e lealdade: "Tome ele [Ziba] também tudo, pois já o rei, meu senhor, voltou em paz para sua casa" (2 Samuel 19:24-30), mostrando que seu maior contentamento era o retorno seguro do rei.
Mais tarde, quando os gibeonitas exigiram vingança contra a casa de Saul por uma antiga injustiça, Davi entregou sete descendentes de Saul para serem executados, mas "poupou o rei a Mefibosete, filho de Jônatas, filho de Saul, por causa do juramento do SENHOR, que entre eles houve, isto é, entre Davi e Jônatas, filho de Saul" (2 Samuel 21:7). Mefibosete teve um filho chamado Mica, através de quem a linhagem de Saul continuou por algumas gerações (1 Crônicas 8:34-40; 9:40-44, onde ele é chamado de Meribe-Baal).