Oseias, filho de Beeri, profetizou no Reino do Norte (Israel, também chamado de Efraim) durante um longo e turbulento período no século VIII a.C., abrangendo os reinados de Jeroboão II e seus instáveis sucessores, até pouco antes da queda de Samaria para a Assíria em 722 a.C. (Oseias 1:1). Ele foi contemporâneo de Amós, Isaías e Miqueias.
Sua vida pessoal está intrinsecamente ligada à sua mensagem profética. Deus ordenou a Oseias: "Vai, toma uma mulher de prostituições e filhos de prostituição; porque a terra se prostituiu, desviando-se do SENHOR" (Oseias 1:2). Ele obedeceu e casou-se com Gômer, filha de Diblaim. Este casamento doloroso serviu como uma parábola viva do relacionamento de Deus com Israel: Deus era o marido fiel, enquanto Israel era a esposa infiel que corria atrás de outros amantes (os ídolos cananeus, especialmente Baal, e alianças políticas com Egito e Assíria).
Os três filhos nascidos dessa união receberam nomes simbólicos ordenados por Deus, que representavam o juízo divino sobre Israel:
- Jezreel: Nome do vale onde Jeú havia derramado muito sangue; significava o fim violento da dinastia de Jeú e a derrota militar de Israel.
- Lo-Ruama: ("Desfavorecida" ou "Não-Compadecida") Significava que Deus removeria Sua misericórdia de Israel.
- Lo-Ami: ("Não-Meu-Povo") Significava a quebra temporária da relação de aliança entre Deus e Israel.
Oseias 2 descreve vividamente a infidelidade de Israel (personificada por Gômer), sua busca por amantes que não podiam sustentá-la, e o plano de Deus de discipliná-la, atraí-la ao deserto, falar ao seu coração e restaurar a relação nupcial com base em justiça, juízo, benignidade (*hesed*), misericórdias e fidelidade. As promessas incluem a reversão dos nomes dos filhos para "Meu-Povo" e "Compadecida".
Em Oseias 3, Deus dá uma segunda ordem chocante a Oseias: "Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu amigo e adúltera, como o SENHOR ama os filhos de Israel, embora eles olhem para outros deuses". Oseias redime (compra de volta) essa mulher (provavelmente Gômer, que o havia deixado) por um preço específico, trazendo-a de volta e exigindo um período de fidelidade, simbolizando o amor redentor e persistente de Deus por Israel, mesmo em sua condição de pecado e exílio iminente.
Os capítulos restantes (Oseias 4-14) contêm uma série de oráculos que detalham os pecados de Israel: falta de conhecimento verdadeiro de Deus, idolatria generalizada, corrupção moral e social (mentira, assassinato, roubo, adultério), instabilidade política, confiança em alianças humanas em vez de Deus, e ritualismo religioso vazio. Oseias denuncia duramente os sacerdotes, príncipes e o povo por sua apostasia. Ele anuncia o juízo inevitável através da invasão e exílio pela Assíria.
Contudo, mesmo em meio às mais severas advertências, a mensagem de Oseias é permeada pela profunda dor e amor de Deus por Seu povo rebelde. Passagens como Oseias 6:6 ("Pois misericórdia [hesed] quero, e não sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos") e Oseias 11:8 ("Como te deixaria, ó Efraim? Como te entregaria, ó Israel? [...] Meu coração está comovido dentro de mim, as minhas compaixões, à uma, se acendem") revelam o coração de Deus. O livro termina com um último apelo ao arrependimento e uma promessa de cura, perdão e restauração futura: "Volta, ó Israel, para o SENHOR, teu Deus [...] Eu sararei a sua infidelidade, eu voluntariamente os amarei..." (Oseias 14:1, 4).