Acabe, filho de Onri, reinou sobre Israel (o Reino do Norte) em Samaria por 22 anos (1 Reis 16:29), num período de considerável poder político e militar para a dinastia Omrida (século IX a.C.). Sua importância histórica, no entanto, é ofuscada por sua notoriedade religiosa negativa. O texto bíblico afirma que ele "fez o que era mau aos olhos do SENHOR, mais do que todos os que foram antes dele" (1 Reis 16:30).
Um fator crucial para sua apostasia foi seu casamento com Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios (de Tiro, na Fenícia). Esta aliança política trouxe consigo uma forte e agressiva promoção do culto ao deus fenício Baal Melqart em Israel. Acabe construiu um templo e um altar para Baal na capital, Samaria, e também ergueu um poste para Aserá (um ídolo ou símbolo da deusa consorte cananeia), provocando a ira de Deus mais do que todos os reis anteriores (1 Reis 16:31-33).
Seu reinado foi o palco principal para o ministério do profeta Elias, o Tisbita. Elias confrontou Acabe diretamente, anunciando uma seca severa sobre Israel como juízo pela idolatria (1 Reis 17:1). Anos depois, Elias enfrentou os 450 profetas de Baal (e os 400 de Aserá sustentados por Jezabel) no Monte Carmelo, desafiando-os a provar qual deus responderia com fogo. Deus respondeu à oração de Elias, enviando fogo do céu que consumiu o sacrifício, e Elias mandou executar os profetas de Baal (1 Reis 18). Acabe testemunhou esses eventos, mas não se arrependeu genuinamente, e Jezabel jurou vingança contra Elias.
Outro episódio infame foi o caso da vinha de Nabote (1 Reis 21). Acabe desejou a vinha de Nabote, que ficava ao lado de seu palácio em Jezreel. Quando Nabote recusou vendê-la por ser herança de seus pais, Jezabel forjou acusações falsas que levaram à execução de Nabote. Após sua morte, Acabe tomou posse da vinha. Elias então confrontou o rei com uma profecia devastadora: a destruição completa de sua casa e o destino trágico seu e de Jezabel.
Diante da profecia, Acabe demonstrou sinais externos de arrependimento (rasgou suas vestes, jejuou, vestiu pano de saco), e Deus adiou a execução total do juízo para os dias de seu filho. Ainda assim, Acabe continuaria a sofrer consequências.
Acabe também participou de guerras contra Ben-Hadade II, rei da Síria (Aram-Damasco), obtendo vitórias com auxílio divino (1 Reis 20), mas foi repreendido por poupar o inimigo em vez de destruí-lo. No fim de seu reinado, formou aliança com Josafá, rei de Judá, para tentar retomar Ramote-Gileade. Ignorou a advertência do profeta Micaías e confiou em 400 profetas da corte que lhe prometeram vitória.
Disfarçado, Acabe foi à batalha enquanto Josafá usava vestes reais. Uma flecha disparada "ao acaso" por um soldado sírio atingiu Acabe em uma fresta da armadura. Ele sangrou até morrer ao pôr do sol. Ao lavar sua carruagem na fonte de Samaria, os cães lamberam seu sangue, cumprindo a profecia de Elias (1 Reis 22).
Acabe foi sepultado em Samaria. Sua dinastia foi posteriormente exterminada por Jeú, conforme o juízo de Deus.