Êxodo 11-13: Pessach - A Páscoa Judaica e Sua Rica Tradição de Liberdade
Mergulhe na história da Pessach, a Páscoa Judaica. Entenda seus rituais sagrados, como o Seder, e o simbolismo da libertação do Egito.
Pessach: Uma Jornada de Libertação e Tradição Milenar
A Pessach, conhecida como a Páscoa Judaica, é uma das festas mais significativas e reverenciadas do calendário judaico. Comemorando a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito, narrada no livro bíblico do Êxodo, esta celebração é um mergulho profundo na história, fé e tradição que moldaram a identidade judaica ao longo dos séculos. Mais do que uma simples recordação de um evento passado, a Pessach é uma vivência que se renova a cada ano, transmitindo valores de liberdade, esperança e resiliência.
A Origem: A Noite que Marcou a História (Êxodo 11-13)
Conforme o relato bíblico, a história da Pessach tem seu clímax na décima e última praga enviada por Deus sobre o Egito, que se recusava a libertar os israelitas. Esta praga consistia na morte de todos os primogênitos egípcios, tanto de humanos quanto de animais.
Para proteger os filhos de Israel, Deus instruiu Moisés a orientar cada família hebraica a sacrificar um cordeiro sem defeito. O sangue deste cordeiro deveria ser aspergido nos umbrais e na verga das portas de suas casas. Naquela noite fatídica, enquanto o anjo destruidor percorria o Egito ceifando a vida dos primogênitos, ele "passaria por cima" das casas marcadas com o sangue, poupando seus habitantes.
Diante da tragédia que se abateu sobre sua própria casa, com a morte de seu filho primogênito, o Faraó finalmente cedeu. Convocou Moisés e Aarão e ordenou que os israelitas partissem do Egito imediatamente. O povo hebreu, apressadamente, reuniu seus pertences, incluindo riquezas que receberam dos próprios egípcios temerosos, e iniciou sua jornada rumo à liberdade.
Os Pilares da Celebração: Seder, Matzá e o Haggadah
A celebração da Pessach é rica em rituais e simbolismos, sendo o Seder a cerimônia central. Realizado nas duas primeiras noites da festa (apenas na primeira em Israel e por judeus reformistas), o Seder é um banquete ritualístico que reconta a história da libertação através da leitura da Haggadah.
A mesa do Seder é adornada com pratos simbólicos que representam diferentes aspectos da história do Êxodo:
- Matzá (מַצָּה): Três matzot são colocadas na mesa, representando os Cohen (sacerdotes), Levitas e Israelitas; ou, segundo outra tradição, Abraão, Isaac e Jacó. Simboliza o pão da aflição e o pão da liberdade.
- Maror (מָרוֹר): Ervas amargas (como raiz forte, escarola ou alface romana) que simbolizam a amargura e a dureza da escravidão no Egito.
- Charosset (חֲרֹסֶת): Uma pasta doce feita de frutas (maçãs, peras), nozes, especiarias e vinho tinto. Sua cor e textura lembram a argamassa que os escravos israelitas usavam para fazer tijolos no Egito.
- Karpas (כַּרְפַּס): Um vegetal (geralmente salsão, batata cozida ou salsa) que é mergulhado em água salgada (representando as lágrimas dos escravos) antes de ser comido. Simboliza também a primavera e o renascimento.
- Zeroá (זְרוֹעַ): Um osso de cordeiro (ou galinha) tostado. Representa o cordeiro pascal (Korban Pessach) que era sacrificado no Templo de Jerusalém. Não é comido durante o Seder.
- Beitzá (בֵּיצָה): Um ovo cozido e, por vezes, levemente tostado. Simboliza o Korban Chagigah (oferta festiva) que era trazida ao Templo. Também representa o luto pela destruição do Templo e a natureza cíclica da vida, morte e renascimento.
Significado e Relevância Contínua
A Pessach transcende a simples recordação histórica. É uma celebração da liberdade em seu sentido mais amplo: liberdade física da escravidão, liberdade espiritual da idolatria e assimilação, e liberdade nacional como um povo com sua própria identidade e destino. A festa convida à reflexão sobre a opressão em todas as suas formas, tanto históricas quanto contemporâneas, e a importância de lutar ativamente pela justiça, pela dignidade humana e pelos direitos dos oprimidos em toda parte.
- Êxodo (Shemot) Capítulos 11-13: Narra a instituição da Pessach, as instruções para o sacrifício pascal, a décima praga e a saída apressada do Egito.
- Levítico (Vayikrá) Capítulo 23:4-8: Descreve as festas do Senhor, incluindo a Pessach e a Festa dos Pães Ázimos (Chag HaMatzot), e suas observâncias.
- Números (Bamidbar) Capítulo 9:1-14: Apresenta instruções sobre a "Segunda Pessach" (Pessach Sheni) para aqueles que estavam impuros ou em viagem distante e não puderam celebrar na data original.
- Deuteronômio (Devarim) Capítulo 16:1-8: Reitera as leis da Pessach, enfatizando a lembrança da saída do Egito e a centralidade do local escolhido por Deus para o sacrifício.