João, filho de Zebedeu e Salome, era um pescador da Galileia e irmão de Tiago (o Maior). Foi chamado por Jesus junto com seu irmão enquanto consertavam redes (Mateus 4:21-22). Jesus os apelidou de "Boanerges", que significa "Filhos do Trovão" (Marcos 3:17), talvez indicando um temperamento impetuoso inicial (cf. Lucas 9:54).
João pertencia ao círculo íntimo de Jesus, junto com Pedro e Tiago, estando presente em momentos cruciais como a Transfiguração (Mateus 17:1), a ressurreição da filha de Jairo (Marcos 5:37) e a oração no Getsêmani (Marcos 14:33). No Evangelho que leva seu nome, ele se refere a si mesmo modestamente como "o discípulo a quem Jesus amava", destacando sua relação especial de intimidade com o Mestre. Foi ele quem reclinou a cabeça sobre o peito de Jesus na Última Ceia (João 13:23) e a quem Jesus, da cruz, confiou o cuidado de sua mãe, Maria (João 19:26-27).
Após a ressurreição, João correu com Pedro ao túmulo vazio, sendo o primeiro a crer, embora não tenha entrado imediatamente (João 20:1-10). Ele também estava presente na pesca milagrosa pós-ressurreição no Mar da Galileia (João 21).
Nos primeiros anos da Igreja, conforme registrado em Atos, João foi um companheiro próximo de Pedro em Jerusalém. Juntos, curaram um coxo na porta Formosa do Templo (Atos 3), pregaram corajosamente perante o Sinédrio (Atos 4) e foram enviados a Samaria para orar para que os novos crentes recebessem o Espírito Santo (Atos 8). Paulo o reconheceu, junto com Pedro e Tiago (irmão de Jesus), como uma das "colunas" da igreja em Jerusalém (Gálatas 2:9).
A tradição cristã primitiva é forte em afirmar que João, mais tarde, mudou-se para Éfeso, tornando-se uma figura de liderança para as igrejas da província da Ásia. Dali, acredita-se que tenha escrito seu Evangelho, com sua profunda teologia do Verbo (Logos) encarnado, os sinais (milagres) de Jesus, os discursos do "Eu Sou", e a ênfase no amor mútuo como marca do discipulado. Também escreveu as três epístolas que levam seu nome, combatendo heresias gnósticas iniciais, enfatizando a comunhão com Deus, a obediência, o amor fraternal e a verdade.
Durante o reinado do imperador Domiciano (c. 95 d.C.), a tradição relata que João foi exilado na ilha de Patmos, no Mar Egeu. Foi ali que recebeu as visões apocalípticas que registrou no livro do Apocalipse, revelando o conflito cósmico, o julgamento futuro, o retorno triunfante de Cristo e o estabelecimento do estado eterno.
A mesma tradição afirma que João foi libertado do exílio após a morte de Domiciano e retornou a Éfeso, onde continuou seu ministério e morreu de morte natural em idade muito avançada (provavelmente perto dos 100 anos), por volta do final do século I ou início do II, durante o reinado do imperador Trajano. Ele é considerado o único dos Doze Apóstolos a não ter morrido como mártir.