O Evangelho de Mateus (capítulo 2) relata a chegada a Jerusalém de "magos" (*magoi*), vindos "do Oriente". Estes homens, provavelmente sábios ou astrólogos de regiões como a Pérsia, Babilônia ou Arábia, haviam observado um fenômeno celeste incomum – "a sua estrela" – que interpretaram como o sinal do nascimento do profetizado Rei dos Judeus. Sua primeira parada foi na capital, Jerusalém, onde perguntaram abertamente: "Onde está o recém-nascido Rei dos Judeus? Pois vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo" (Mateus 2:1-2).
Sua pergunta causou grande perturbação no rei Herodes, o Grande, e em toda a cidade. Herodes, sentindo seu trono ameaçado, convocou os principais sacerdotes e escribas para determinar onde o Messias (Cristo) deveria nascer. Eles citaram a profecia de Miqueias 5:2, apontando para Belém da Judeia. Herodes, então, chamou os magos secretamente, inquiriu sobre o tempo exato em que a estrela aparecera e os enviou a Belém com instruções enganosas: "Ide informar-vos diligentemente a respeito do menino; e, quando o tiverdes encontrado, avisai-me, para eu também ir adorá-lo" (Mateus 2:3-8). Sua real intenção era eliminar o potencial rival.
Os magos partiram de Jerusalém, e a estrela que tinham visto no Oriente reapareceu, movendo-se adiante deles até parar sobre o local onde estava o menino Jesus (provavelmente uma casa em Belém, não mais a manjedoura, indicando que algum tempo havia passado desde o nascimento). Ao verem a estrela novamente, os magos "alegraram-se com grande e intenso júbilo" (Mateus 2:9-10).
Entrando na casa, encontraram o menino com Maria, sua mãe. O clímax de sua jornada foi o ato de adoração: "prostrando-se, o adoraram" (*proskyneō*, um termo que implica homenagem profunda, reverência e adoração). Em seguida, abriram seus tesouros e lhe ofereceram presentes simbólicos e preciosos: ouro (reconhecendo Sua realeza?), incenso (usado na adoração, reconhecendo Sua divindade ou sacerdócio?) e mirra (resina usada em perfumes e embalsamamento, talvez prenunciando Seu sofrimento e morte?) (Mateus 2:11).
Após a visita, tendo sido "divinamente avisados em sonho para não voltarem à presença de Herodes", os magos obedeceram à orientação divina e retornaram à sua terra por outro caminho, frustrando os planos de Herodes (Mateus 2:12).
A Bíblia não especifica o número de magos (a tradição de três deriva dos três presentes), nem seus nomes (Gaspar, Melquior e Baltasar são nomes tradicionais posteriores) ou se eram reis (ideia que se desenvolveu mais tarde, talvez por influência de Salmo 72 e Isaías 60). O foco bíblico está em sua identidade como gentios do Oriente que, guiados por Deus (através da estrela e de sonhos), buscaram, encontraram e adoraram o recém-nascido Rei dos Judeus, Jesus, representando assim a manifestação (Epifania) de Cristo às nações.