Satanás (Hebraico: Satan, "Adversário", "Acusador") ou Diabo (Grego: Diabolos, "Caluniador", "Acusador") é apresentado na Bíblia como o principal antagonista espiritual de Deus e da humanidade. Embora sua origem exata seja um mistério, a teologia cristã tradicional, baseada em interpretações de passagens como Isaías 14:12-15 e Ezequiel 28:11-19 (dirigidas a reis terrenos, mas vistas como tendo aplicação secundária), entende que ele foi originalmente um anjo de alta posição (talvez um querubim, chamado Lúcifer ou "Estrela da Manhã"), criado bom por Deus, mas que caiu em pecado devido ao orgulho e à rebelião, desejando ser igual a Deus. Acredita-se que ele levou consigo na rebelião uma parte dos anjos (Apocalipse 12:4), que se tornaram demônios.
Sua primeira grande intervenção na história humana registrada é em Gênesis 3, na forma da Serpente no Jardim do Éden. Com astúcia, ele distorceu a palavra de Deus, semeou dúvida na mente de Eva, tentou-a a desobedecer ao mandamento divino sobre a árvore do conhecimento do bem e do mal, prometendo falsamente que eles seriam "como Deus". Sua tentação bem-sucedida levou à Queda de Adão e Eva, introduzindo o pecado, a culpa, a separação de Deus e a morte no mundo.
No livro de Jó (capítulos 1-2), Satanás aparece no conselho celestial como o "Acusador", questionando a integridade de Jó e argumentando que ele só servia a Deus por causa das bênçãos recebidas. Ele recebe permissão limitada de Deus para afligir Jó, testando sua fé, mas não conseguindo levá-lo a amaldiçoar a Deus.
Nos Evangelhos, Satanás confronta Jesus diretamente durante a tentação no deserto, oferecendo-lhe poder e reinos terrenos em troca de adoração, mas é repreendido e derrotado pela Palavra de Deus (Mateus 4; Lucas 4). Jesus frequentemente se refere a ele como o Maligno, o pai da mentira, homicida desde o princípio (João 8:44), e o príncipe deste mundo (João 12:31), cujo poder Ele veio para subjugar. Jesus expulsou demônios, demonstrando Sua autoridade sobre o reino de Satanás, e viu "Satanás caindo do céu como relâmpago" (Lucas 10:18).
Após a ascensão de Cristo, Satanás continua sua obra como adversário da Igreja e dos crentes. Ele tenta (1 Coríntios 7:5), engana (às vezes disfarçado de anjo de luz - 2 Coríntios 11:14), acusa os irmãos (Apocalipse 12:10), semeia discórdia, se opõe à pregação do evangelho (1 Tessalonicenses 2:18), e age como o "deus deste século" que cega o entendimento dos incrédulos (2 Coríntios 4:4) e o "príncipe da potestade do ar" (Efésios 2:2). Os crentes são chamados a resistir a ele, firmes na fé, usando a armadura de Deus (Efésios 6:11-18; Tiago 4:7; 1 Pedro 5:8-9).
Embora continue ativo, sua derrota fundamental foi selada na morte e ressurreição de Jesus Cristo (Colossenses 2:15; Hebreus 2:14). O livro de Apocalipse descreve simbolicamente uma guerra no céu onde o Dragão (Satanás) e seus anjos são derrotados por Miguel e lançados na terra (Apocalipse 12). Profetiza também um período futuro em que Satanás será preso no abismo por mil anos, depois solto para uma rebelião final, e então definitivamente derrotado e lançado no lago de fogo e enxofre, seu destino eterno de tormento junto com a Besta, o Falso Profeta e todos os que rejeitaram a Deus (Apocalipse 20). Satanás representa, portanto, a personificação do mal, da rebelião e da oposição a Deus, mas cujo poder é limitado e cujo destino final é a derrota e o juízo.