Isabel era esposa do sacerdote Zacarias, da turma de Abias, e ela mesma era "das filhas de Arão", ou seja, também de linhagem sacerdotal (Lucas 1:5). O Evangelho de Lucas os descreve como um casal exemplar: "Ambos eram justos diante de Deus, andando irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos do Senhor" (Lucas 1:6). Apesar de sua piedade, eles não tinham filhos, pois Isabel era estéril, e ambos já eram de idade avançada, o que na cultura da época era frequentemente visto como uma desonra ou falta de favor divino (Lucas 1:7, 25).
Enquanto Zacarias ministrava no Templo em Jerusalém, o anjo Gabriel lhe apareceu anunciando que suas orações haviam sido ouvidas e que Isabel lhe daria um filho, que deveria se chamar João. Este filho seria grande diante do Senhor, cheio do Espírito Santo desde o ventre materno, e teria a missão de preparar o caminho para o Senhor no espírito e poder de Elias (Lucas 1:11-17). Após Zacarias expressar incredulidade e ficar mudo como sinal, ele voltou para casa.
Logo depois, "cumpriu-se o tempo de Isabel", e ela concebeu. Ela permaneceu reclusa por cinco meses, reconhecendo a intervenção graciosa de Deus: "Assim me fez o Senhor, nos dias em que atentou para mim, para tirar o meu opróbrio [desgraça/vergonha] dentre os homens" (Lucas 1:23-25).
No sexto mês de gravidez de Isabel, sua parente (grego: *syngenis*) Maria, que havia acabado de receber a anunciação do nascimento de Jesus, viajou da Galileia para a região montanhosa de Judá para visitá-la. Ao ouvir a saudação de Maria, ocorreram dois eventos sobrenaturais: o bebê (João) saltou no ventre de Isabel, e ela mesma foi cheia do Espírito Santo (Lucas 1:39-41).
Inspirada pelo Espírito, Isabel proferiu uma bênção profética em voz alta a Maria: "Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre! E de onde me provém que me venha visitar a mãe do meu Senhor? Pois, logo que me chegou aos ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria dentro de mim. Bem-aventurada a que creu, porque serão cumpridas as palavras que lhe foram ditas da parte do Senhor" (Lucas 1:42-45). Esta saudação é notável por reconhecer a condição messiânica do filho de Maria ("meu Senhor") e por elogiar a fé de Maria.
Maria permaneceu com Isabel por cerca de três meses antes de retornar para casa (Lucas 1:56). Posteriormente, Isabel deu à luz seu filho, João. Na cerimônia de circuncisão e nomeação, no oitavo dia, os vizinhos e parentes queriam nomear o menino Zacarias, como o pai. Porém, Isabel interveio firmemente: "Não! Pelo contrário, chamar-se-á João" (Lucas 1:57-60). Sua insistência no nome divinamente revelado foi confirmada por Zacarias (que escreveu o nome numa tabuinha), e imediatamente a mudez de Zacarias foi curada, e ele começou a louvar a Deus, proferindo sua própria profecia (o Benedictus) (Lucas 1:61-80).
Após esses eventos do nascimento e infância de João, Isabel não é mais mencionada no Novo Testamento. Sua história, no entanto, permanece como um testemunho de fé silenciosa e perseverante recompensada pela graça milagrosa de Deus, e de reconhecimento profético do plano divino se desdobrando em Jesus Cristo através de sua parente Maria.