Maria de Betânia, irmã de Marta e Lázaro, fazia parte de uma família que residia em Betânia, uma aldeia próxima a Jerusalém, e que mantinha uma relação de amizade especial com Jesus (João 11:1-5). Ela aparece em três episódios significativos nos Evangelhos.
O primeiro está em Lucas 10:38-42, quando Jesus visita a casa das irmãs. Enquanto Marta se ocupava ansiosamente com os muitos afazeres da hospitalidade, Maria "assentando-se aos pés do Senhor, ouvia a sua palavra". Quando Marta reclamou, Jesus gentilmente a repreendeu e elogiou a escolha de Maria: "Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada". Este episódio destaca a natureza contemplativa e devocional de Maria, priorizando a comunhão e o aprendizado com Jesus acima das tarefas práticas.
O segundo episódio é a ressurreição de seu irmão Lázaro, narrada em João 11. Quando Lázaro adoeceu gravemente, as irmãs mandaram chamar Jesus. Após a morte de Lázaro, Maria inicialmente permaneceu em casa, em luto. Quando Jesus chegou e Marta foi ao seu encontro, Maria foi chamada depois. Ao ver Jesus, ela caiu a seus pés, expressando a mesma fé e dor de Marta: "Senhor, se estiveras aqui, não teria morrido meu irmão" (João 11:32). Sua profunda tristeza, compartilhada pelos judeus presentes, comoveu Jesus intensamente, levando-o a chorar antes de realizar o milagre da ressurreição de Lázaro.
O terceiro episódio marcante ocorreu seis dias antes da Páscoa final de Jesus, durante um jantar em Betânia (João 12:1-8; com relatos paralelos em Mateus 26:6-13 e Marcos 14:3-9, possivelmente o mesmo evento com detalhes variados). Maria tomou "uma libra [ou arrátel] de bálsamo de nardo puro, mui precioso", e ungiu os pés de Jesus (segundo João) ou sua cabeça (segundo Mateus e Marcos), enxugando-lhe os pés com seus próprios cabelos (João). O valor do perfume era altíssimo, equivalente a quase um ano de salário de um trabalhador. O ato foi criticado por Judas Iscariotes (João) ou outros discípulos (Mateus/Marcos) como um desperdício. Jesus, porém, defendeu Maria vigorosamente. Ele interpretou sua ação como uma preparação para o Seu sepultamento ("Deixai-a; pois para o dia da minha sepultura reservou isto" - João 12:7; "ungiu o meu corpo antecipadamente para a sepultura" - Marcos 14:8) e declarou que onde quer que o evangelho fosse pregado, o que ela fez seria contado em sua memória (Mateus 26:13; Marcos 14:9). Este ato de adoração extravagante e amor sacrificial demonstrou uma profunda devoção e, talvez, uma percepção intuitiva da iminente paixão de Cristo.
Maria de Betânia não deve ser confundida com Maria Madalena ou com a mulher pecadora anônima de Lucas 7. Ela se destaca como um modelo de discipulado caracterizado pela escuta atenta, adoração profunda e amor devocional a Jesus.