Judas Iscariotes, filho de Simão Iscariotes (João 6:71), foi um dos Doze Apóstolos escolhidos por Jesus Cristo (Mateus 10:4). O epíteto "Iscariotes" provavelmente indica sua origem ("Homem de Kerioth", uma cidade na Judeia), o que o distinguiria como o único apóstolo não galileu. Ele foi designado como o tesoureiro do grupo apostólico, responsável pela bolsa comum (João 12:6, 13:29).
Embora estivesse no círculo íntimo de Jesus, testemunhando seus ensinamentos e milagres, os Evangelhos revelam seu caráter falho. João o descreve explicitamente como ladrão, que tirava dinheiro da bolsa (João 12:6). Sua cobiça ficou evidente quando criticou Maria de Betânia por ungir Jesus com um perfume caro, sugerindo que o dinheiro deveria ter sido dado aos pobres, mas na verdade, visando o próprio lucro.
O ponto culminante de sua história é a traição. Influenciado por Satanás (Lucas 22:3, João 13:27) e motivado por ganância, Judas procurou os principais sacerdotes e concordou em entregar Jesus a eles por trinta moedas de prata (Mateus 26:14-16), o preço de um escravo segundo a Lei Mosaica (Êxodo 21:32). Durante a Última Ceia, Jesus identificou Judas como seu traidor, dando-lhe um pedaço de pão e dizendo: "O que pretendes fazer, faze-o depressa" (João 13:21-30).
Judas então guiou uma multidão armada, enviada pelos sacerdotes e anciãos, ao Jardim do Getsêmani, onde Jesus orava. Ele identificou Jesus para os guardas com um sinal preestabelecido: um beijo (Mateus 26:47-50; Marcos 14:43-46; Lucas 22:47-48). Este ato de traição levou diretamente à prisão de Jesus.
Após a condenação de Jesus pelo Sinédrio, Judas foi tomado por um profundo remorso. Ele tentou devolver as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e anciãos, confessando: "Pequei, traindo sangue inocente". Eles, porém, rejeitaram sua confissão e o dinheiro. Desesperado, Judas atirou as moedas no santuário do Templo e saiu para cometer suicídio (Mateus 27:3-5). Os sacerdotes usaram o dinheiro para comprar um campo de um oleiro, que ficou conhecido como "Campo de Sangue" (Aceldama), para sepultar estrangeiros (Mateus 27:6-10; Atos 1:18-19).
Atos 1:18 oferece um detalhe adicional (ou diferente) sobre sua morte, afirmando que ele "precipitando-se, rompeu-se pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram". As duas narrativas são frequentemente harmonizadas, sugerindo que ele se enforcou, mas a corda ou o galho quebraram, resultando na queda.
Judas é referido por Jesus como o "filho da perdição", cuja traição cumpriu as Escrituras, mas que ainda assim era pessoalmente responsável por seu ato (João 17:12; Lucas 22:22). Seu lugar entre os Doze foi posteriormente preenchido por Matias (Atos 1:15-26). Judas Iscariotes permanece na história e na teologia como o arquétipo do traidor e um aviso solene sobre as consequências da ganância, da incredulidade e do desespero sem arrependimento.