Marta de Betânia é apresentada nos Evangelhos como irmã de Maria e Lázaro, residindo juntos em Betânia, uma aldeia perto de Jerusalém. A família mantinha uma amizade íntima com Jesus, que frequentemente se hospedava em sua casa (Lucas 10:38; João 11:1-5).
Em Lucas 10:38-42, Marta é retratada como a anfitriã diligente, que "recebeu Jesus em sua casa" e "andava distraída em muitos serviços". Preocupada e sobrecarregada, ela pede a Jesus que repreenda sua irmã Maria, que estava sentada aos pés do Mestre ouvindo seus ensinamentos. Jesus responde com ternura, mas também com uma correção suave: "Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada". Este episódio destaca o temperamento ativo e servil de Marta, mas também a importância de priorizar a comunhão e a escuta da Palavra de Deus.
O caráter de Marta se revela mais profundamente em João 11, durante a doença e morte de seu irmão Lázaro. Ao saber que Jesus se aproximava de Betânia (quatro dias após a morte de Lázaro), Marta demonstra sua iniciativa e fé ativa ao sair imediatamente ao encontro Dele, enquanto Maria permaneceu em casa. No diálogo que se segue, Marta expressa sua dor e uma notável fé, mesmo em meio ao luto: "Senhor, se estiveras aqui, meu irmão não teria morrido. Mas também sei que, mesmo agora, tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá" (João 11:21-22). Quando Jesus afirma "Teu irmão há de ressurgir" e se declara "a ressurreição e a vida", Ele pergunta diretamente a Marta: "Crês isto?". Sua resposta é uma das grandes confissões de fé do Novo Testamento: "Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo" (João 11:27).
Após esta confissão, ela chama secretamente sua irmã Maria. Mais tarde, junto ao túmulo, a praticidade (e talvez uma ponta de dúvida) de Marta ressurge quando ela adverte Jesus sobre o estado do corpo de Lázaro: "Senhor, já cheira mal, porque é de quatro dias" (João 11:39). No entanto, ela obedece à ordem de Jesus para remover a pedra e testemunha, junto com Maria e os demais, a ressurreição miraculosa de seu irmão Lázaro.
Finalmente, em João 12:1-2, seis dias antes da Páscoa, durante um jantar em Betânia em honra a Jesus (com Lázaro reclinado à mesa), o texto simplesmente nota que "Marta servia". Isso reafirma seu caráter servil, mas agora talvez com uma compreensão mais profunda, após ter testemunhado o poder de ressurreição de Jesus e ter feito sua grande confissão de fé. Marta representa o discipulado ativo, a hospitalidade prática e uma fé que, embora por vezes ansiosa ou pragmática, é capaz de profundas declarações de confiança em Cristo.