Paulo, originalmente chamado Saulo, nasceu em Tarso da Cilícia, uma cidade importante e centro de cultura helenística. Era cidadão romano de nascimento, judeu da tribo de Benjamim e fariseu zeloso, educado em Jerusalém aos pés do renomado rabino Gamaliel (Atos 22:3, Fp 3:5). Inicialmente, foi um perseguidor ferrenho da Igreja primitiva, consentindo na morte de Estêvão e liderando prisões de cristãos (Atos 8:1-3, 9:1-2).
Sua vida mudou radicalmente numa viagem a Damasco para prender mais cristãos (c. 33-36 d.C.). Jesus Cristo ressurreto lhe apareceu em uma luz resplandecente, confrontando-o e comissionando-o a ser seu apóstolo, especialmente para os gentios (Atos 9:3-19, 22:6-16, 26:12-18). Cego pela visão, foi guiado a Damasco, onde Ananias, enviado por Deus, orou por ele, restaurou sua visão e o batizou.
Após um período na Arábia e Damasco, Paulo começou a pregar Cristo. Enfrentando perseguição, foi para Jerusalém, onde, com a ajuda de Barnabé, foi aceito (com relutância inicial) pelos apóstolos (Atos 9:26-30, Gl 1:17-20). Mais tarde, ministrou em Antioquia da Síria, que se tornou a base para suas viagens missionárias.
Paulo realizou três grandes viagens missionárias documentadas em Atos: 1ª (c. 46-48 d.C.) com Barnabé a Chipre e Galácia Sul; 2ª (c. 49-52 d.C.) com Silas e depois Timóteo, atravessando a Ásia Menor e entrando na Europa (Filipos, Tessalônica, Atenas, Corinto); 3ª (c. 53-57 d.C.) focada em Éfeso, mas incluindo visitas à Macedônia e Acaia. Durante essas viagens, ele pregou, estabeleceu igrejas, enfrentou oposição severa (prisões, açoites, apedrejamento) e escreveu muitas de suas epístolas para instruir e corrigir as igrejas.
Participou do Concílio de Jerusalém (c. 49 d.C.), onde defendeu que os gentios convertidos não precisavam seguir a lei mosaica (circuncisão) para a salvação (Atos 15, Gl 2).
Ao final da terceira viagem, foi preso em Jerusalém após um tumulto no Templo (Atos 21-22). Passou dois anos preso em Cesareia, defendendo-se perante os governadores romanos Félix e Festo, e o rei Agripa II (Atos 23-26). Como cidadão romano, apelou para César e foi enviado a Roma (c. 59-60 d.C.), sofrendo um naufrágio em Malta no caminho (Atos 27-28).
Em Roma, passou dois anos em prisão domiciliar (c. 60-62 d.C.), continuando a pregar e escrevendo as "epístolas da prisão" (Efésios, Filipenses, Colossenses, Filemom). A tradição indica que foi libertado, realizou mais viagens (possivelmente à Espanha) e escreveu 1 Timóteo e Tito. Foi preso novamente durante a perseguição de Nero e, segundo a tradição unânime, martirizado por decapitação em Roma (c. 64-67 d.C.), conforme antecipado em sua última carta, 2 Timóteo.
A teologia de Paulo, expressa em suas cartas, é fundamental para o Cristianismo, abordando a justificação pela graça mediante a fé em Cristo, o papel da Lei, a obra do Espírito Santo, a natureza da Igreja como Corpo de Cristo (unindo judeus e gentios), a ética cristã e a esperança na ressurreição e na volta de Cristo.