Tito foi um cristão gentio, especificamente grego (Gálatas 2:3), que se tornou um dos companheiros de viagem e delegados apostólicos mais importantes e confiáveis do apóstolo Paulo. Surpreendentemente, ele não é mencionado no Livro de Atos, mas sua significativa contribuição é evidente nas epístolas de Paulo.
Sua primeira aparição cronológica é em Gálatas 2, onde Paulo relata tê-lo levado consigo (junto com Barnabé) a Jerusalém para o Concílio Apostólico (c. 49 d.C.). Tito, sendo grego, tornou-se um caso de teste crucial. Falsos irmãos "judaizantes" queriam forçar sua circuncisão como condição para plena aceitação na comunidade cristã. Paulo resistiu firmemente a essa pressão, defendendo a liberdade do evangelho e a justificação pela fé somente, sem as obras da Lei, para os gentios. A decisão do concílio validou a posição de Paulo e a aceitação de Tito como irmão incircunciso (Gálatas 2:1-5).
Mais tarde, Tito desempenhou um papel fundamental na complexa relação de Paulo com a igreja de Corinto. Após a escrita de 1 Coríntios, parece que Paulo enviou Tito a Corinto com uma "carta severa" (hoje perdida, talvez mencionada em 2 Coríntios 2:4 e 7:8) para confrontar a desordem e a oposição ao apóstolo naquela igreja. Paulo ficou extremamente ansioso esperando pelo retorno de Tito, não encontrando descanso em Trôade e indo à Macedônia para encontrá-lo (2 Coríntios 2:12-13). Quando Tito finalmente chegou à Macedônia, trouxe notícias animadoras sobre o arrependimento, a saudade e o zelo dos coríntios por Paulo, o que encheu o apóstolo de grande consolo e alegria (2 Coríntios 7:5-16). Paulo elogia o zelo de Tito e o conforto que ele mesmo recebeu dos coríntios.
Com a reconciliação estabelecida, Tito foi novamente encarregado por Paulo de retornar a Corinto para ajudar a organizar e completar a coleta financeira que as igrejas gentílicas estavam fazendo para os santos pobres em Jerusalém. Paulo o recomenda calorosamente como seu "companheiro e cooperador" e elogia sua iniciativa e integridade nesta tarefa importante, enviando outros irmãos com ele para garantir a transparência (2 Coríntios 8:6, 16-24; 12:18).
Anos mais tarde, provavelmente após a primeira prisão romana de Paulo, o apóstolo deixou Tito na ilha de Creta com a desafiadora missão de "pôr em ordem as coisas restantes" e "constituir presbíteros [anciãos] em cada cidade" (Tito 1:5). A Epístola a Tito, escrita por Paulo, serve como um guia para essa tarefa. Ela detalha as qualificações necessárias para os presbíteros/bispos, instrui Tito sobre como refutar os falsos mestres (particularmente os de origem judaica e os que seguiam "fábulas judaicas" e tradições humanas) que eram prevalentes e insubordinados em Creta (Tito 1:10-16), e orienta sobre o ensino da sã doutrina e da vida piedosa para diferentes grupos na igreja (Tito 2-3). Paulo pede a Tito que se esforce para ir ter com ele em Nicópolis, onde planejava passar o inverno (Tito 3:12).
Sua última menção no Novo Testamento está em 2 Timóteo 4:10, onde Paulo, em sua prisão final, informa a Timóteo que "Tito foi para a Dalmácia" (uma região na costa leste do Mar Adriático). A razão dessa viagem não é especificada (poderia ser uma missão designada por Paulo ou uma partida por outras razões, embora o contexto sugira mais provavelmente uma missão).
A tradição da igreja considera Tito como o primeiro bispo de Creta, onde teria servido fielmente até sua morte em idade avançada. Tito se destaca como um exemplo de líder gentio eficaz, confiável e dedicado na igreja primitiva, capaz de lidar com situações difíceis e estabelecer ordem nas comunidades cristãs sob a direção do apóstolo Paulo.