Simão Pedro, também conhecido como Cefas (do Aramaico "Kepha", Rocha), era um pescador de Betsaida que vivia em Cafarnaum, na Galileia. Foi um dos primeiros discípulos chamados por Jesus, apresentado a Ele por seu irmão André (João 1:40-42). Foi nesse encontro inicial que Jesus lhe deu o nome de Cefas/Pedro, antecipando seu papel futuro.
Pedro tornou-se um dos Doze Apóstolos e parte do círculo íntimo de Jesus, junto com Tiago e João, testemunhando eventos como a Transfiguração (Mateus 17) e a agonia no Getsêmani (Marcos 14). Era conhecido por sua personalidade impulsiva e apaixonada, como ao tentar andar sobre as águas (Mateus 14) e ao cortar a orelha do servo do sumo sacerdote na prisão de Jesus (João 18).
Um momento crucial foi sua confissão em Cesareia de Filipe: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!" Jesus respondeu afirmando que essa revelação veio do Pai e declarou: "Tu és Pedro [Petros], e sobre esta pedra [petra] edificarei a minha igreja... Dar-te-ei as chaves do reino dos céus..." (Mateus 16:16-19). Contudo, logo depois, ao repreender Jesus por falar de sua morte, foi duramente repreendido: "Arreda, Satanás!" (Mateus 16:23).
Na noite da prisão de Jesus, apesar de suas declarações de lealdade, Pedro negou conhecer Jesus três vezes, cumprindo a profecia do Mestre (Lucas 22:54-62). Profundamente arrependido, foi restaurado por Jesus após a ressurreição, numa conversa à beira do Mar da Galileia, onde Jesus lhe perguntou três vezes "Tu me amas?" e o comissionou: "Apascenta as minhas ovelhas" (João 21:15-19), também predizendo seu futuro martírio.
Nos primeiros capítulos de Atos, Pedro emerge como o líder proeminente dos apóstolos em Jerusalém. Ele liderou a escolha de Matias para substituir Judas (Atos 1), pregou o sermão no dia de Pentecostes que levou à conversão de milhares (Atos 2), realizou a cura do coxo na Porta Formosa do Templo (Atos 3) e defendeu corajosamente o evangelho perante o Sinédrio (Atos 4-5). Foi instrumento no julgamento de Ananias e Safira (Atos 5) e seu ministério foi marcado por sinais e prodígios. Após uma visão divina, foi o primeiro apóstolo a levar o evangelho diretamente a um gentio, o centurião romano Cornélio, abrindo as portas da igreja para os não-judeus (Atos 10-11). Foi preso por Herodes Agripa I, mas libertado miraculosamente por um anjo (Atos 12). Teve um papel importante no Concílio de Jerusalém, defendendo a inclusão dos gentios sem a necessidade da circuncisão (Atos 15).
Mais tarde, foi repreendido por Paulo em Antioquia por se afastar dos crentes gentios por pressão dos judaizantes (Gálatas 2:11-14). Sua esfera principal de ministério foi entre os judeus ("apostolado da circuncisão" - Gálatas 2:8). A tradição da Igreja o coloca ministrando em várias regiões da Ásia Menor (conforme o endereço de 1 Pedro 1:1) e, finalmente, em Roma, onde teria sido o líder da comunidade cristã.
É o autor das epístolas canônicas 1 Pedro e 2 Pedro. A tradição cristã primitiva é unânime em afirmar que Pedro foi martirizado em Roma durante a perseguição do Imperador Nero (c. 64-67 d.C.), sendo crucificado de cabeça para baixo a seu próprio pedido, por não se julgar digno de morrer da mesma forma que seu Senhor.