Silas, também conhecido por seu nome romano Silvano, era uma figura proeminente na igreja primitiva de Jerusalém. Atos 15:22 o descreve como um "homem principal entre os irmãos" e Atos 15:32 o identifica como profeta. Sua primeira aparição significativa ocorre após o Concílio de Jerusalém (c. 49 d.C.), quando ele e Judas Barsabás foram escolhidos pela igreja de Jerusalém (liderada pelos apóstolos e presbíteros) para acompanhar Paulo e Barnabé de volta a Antioquia, levando a carta oficial com as decisões do concílio sobre a inclusão dos gentios na igreja (Atos 15:22, 27). Em Antioquia, Silas e Judas, sendo profetas, "exortaram e fortaleceram os irmãos com muitas palavras" (Atos 15:32).
Quando Paulo se preparava para sua Segunda Viagem Missionária, houve um desentendimento entre ele e Barnabé sobre levar João Marcos. Como resultado, eles se separaram, e Paulo escolheu Silas como seu novo companheiro principal de viagem (Atos 15:36-40). A escolha de Silas, um profeta respeitado de Jerusalém e provável cidadão romano (como Paulo), foi estratégica e fortaleceu a missão paulina.
Silas acompanhou Paulo através da Síria, Cilícia e Ásia Menor, fortalecendo as igrejas. Em Listra, Timóteo juntou-se a eles (Atos 16:1-3). Guiados pelo Espírito Santo (inclusive através de uma visão noturna de Paulo), eles cruzaram para a Macedônia, iniciando a evangelização na Europa (Atos 16:6-10). Em Filipos, após Paulo expulsar um espírito de adivinhação de uma jovem escrava, eles foram acusados publicamente, açoitados severamente com varas e lançados na prisão interior, com os pés presos no tronco. Mesmo nessa condição dolorosa, por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus. Ocorreu um terremoto que abriu as portas da prisão e soltou as cadeias de todos. Este evento levou à conversão do carcereiro filipense e sua família (Atos 16:16-34). No dia seguinte, ao saberem que eram cidadãos romanos, os magistrados ficaram atemorizados e pediram que saíssem pacificamente da cidade (Atos 16:35-39).
Silas continuou com Paulo em Tessalônica e Bereia, participando da pregação e enfrentando oposição (Atos 17:1-14). Quando Paulo precisou seguir para Atenas, Silas e Timóteo permaneceram em Bereia por um tempo, mas depois se reuniram com Paulo em Corinto (Atos 17:14-15; 18:5). Durante o ministério em Corinto (c. 50-52 d.C.), Silas (referido como Silvano) colaborou ativamente na pregação (2 Coríntios 1:19) e é listado como co-remetente, junto com Paulo e Timóteo, das duas cartas aos Tessalonicenses, escritas nesse período (1 Tessalonicenses 1:1; 2 Tessalonicenses 1:1).
Anos mais tarde, Silas (novamente como Silvano) reaparece associado ao apóstolo Pedro. Em sua primeira epístola, escrita provavelmente de Roma (c. 62-64 d.C.), Pedro menciona: "Por meio de Silvano, que vos considero irmão fiel, eu vos escrevi resumidamente..." (1 Pedro 5:12). Isso sugere que Silas/Silvano era conhecido e respeitado nas igrejas da Ásia Menor (a quem a carta foi destinada) e serviu a Pedro como portador da carta e/ou como seu amanuense (escriba), demonstrando sua ligação e serviço a ambos os principais apóstolos da igreja.
Silas exemplifica o papel vital dos cooperadores apostólicos na igreja primitiva – líderes reconhecidos, dotados espiritualmente (profeta), dispostos a viajar, sofrer perseguição, e servir em diferentes capacidades (pregação, ensino, apoio logístico e literário) para o avanço do evangelho tanto entre judeus quanto gentios.